Na nossa vida clínica, é comum nos depararmos com crianças que ficam assustadas na primeira consulta, principalmente se adultos lhes disseram que os profissionais usam brocas, aplicam injeções e extraem os dentes. Mas é apenas na idade adulta que os medos se transformam em ansiedade e apresentam leve aumento na pressão sanguínea, suor frio – e só. Mas esse desconforto impede a maioria das pessoas de ser pontual nas consultas de rotina e por vezes adiam tratamentos simples que com o tempo se tornam muito piores e de difícil solução.
O medo de dentista é um fenômeno conhecido há centenas de anos. As primeiras crônicas remontam à Idade Média, quando o imaginário popular relegava ao “tiradentes” um papel inferior e mais ambíguo que o de seus “colegas” médicos. Ele era na maioria das vezes um ambulante: em companhia de ilusionistas, malabaristas e músicos, percorria feiras e mercados, de cidade em cidade, exibindo-se em palcos. Desse modo o público podia admirar a maestria do exercício de sua especialidade. De fato, naquele tempo, havia motivos reais para ter medo do dentista. Mas hoje? A ciência e a tecnologia para reduzir a dor evoluíram muito, bem como a consciência a respeito da importância de manter uma relação de delicadeza e confiança com os pacientes. Ainda assim, o medo antigo permanece. Os inúmeros estudos que procuraram quantificar a difusão desse medo chegaram mais ou menos à mesma conclusão: quase 50% da população vai ao dentista com certa dose de ansiedade.
Podemos, com cuidados e atos simples diminuir este problema:
Primeiramente, devemos evitar usar o dentista como um ato punitivo com frases como: “se não escovar os dentes, amanhã te levo ao dentista para te dar uma injeção na boca”. Ou ainda: “se não cuidar dos dentes vou te levar no dentista, daí você vai ver o que é bom.” Apesar de parecer algo banal, isto gera na criança uma expectativa bastante negativa com relação ao dentista;
Devemos levar os pequenos desde cedo para consultas no dentista. Dessa maneira, eles se familiarizam com o consultório dentário, e quando for necessário fazer um tratamento não vão se assustar com a novidade;
Não fale na presença das crianças sobre tratamentos difíceis ou dolorosos aos quais você ou algum conhecido tenha se submetido ou sobre experiências negativas ocorridas no dentista;
Não leve a criança junto para consultas que envolvam anestesias e procedimentos com sangue;
Não use caricaturas de dentista como a da foto da caneca acima pois a criança, ao ver este desenho, associa o profissional à mera extração do dente.
Desta forma, com atos simples, evitamos que o medo do desconhecido da criança se torne uma fobia para toda a vida.
fonte: www2.uol.com.br/vivermente/artigos/medo_de_dentista.html
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